Em alguns lugares dentro de mim
Curioso o título desta obra, que já nos suscita um paradoxo, um dilema existencial... a solidão e o encontro. Entre uma e outro, enlaçando a sugestão antitética representada por metonímias afetas a nós, humanos, há um dos vocábulos mais caros aos poetas, aos escritores: “palavras”.
Quando li as primeiras prosas paridas por Márcio, há 30 anos ou mais, observei sua necessidade em se comunicar com o público leitor da maneira mais próxima possível e, muitas vezes, íntima, como se aquilo fosse a essência de sua escrita.
Sim, muitos escritores e poetas debruçam-se sobre esse labor, exatamente por encontrarem-se mais à vontade transitando entre palavras escritas do que lhes possibilita a expressão verbal. No entanto, nem todos conseguem chegar a uma proximidade natural de seu leitor, como se estivéssemos ouvindo nossas próprias histórias. Ouvindo é o verbo, porque ao lê-lo, essa leitura transcende o próprio ato de ler. Passamos a ouvir... e a nos ouvir. Como se aquelas palavras nos tirassem da solidão e nos colocassem frente a frente conosco.
Passaram-se três décadas e o poeta Márcio manteve sua essência, no entanto, imbuída, agora, de vivências inúmeras e influências diversas, tornando suas histórias ricas e de leitura bastante agradável.
Somos convidados a visitar os lugares – físicos e abstratos – sem precisar pedir licença... somos chamados a vivenciar suas peregrinações, inquietações, voos, seus personagens... num clima ora transmutando-nos à infância, ora às questões e dilemas cotidianos, e, por vezes, ao silêncio ensurdecedor.
Não por acaso, creio, que seu primeiro texto em prosa nos diz sobre o silêncio (“Às vezes, minha mente inquieta só precisa do silêncio da lida.”), assim como o poema que encerra esta publicação (“Escutar a música silenciosa/que vem das nuvens, dos mares”). Márcio parece estar em busca do silêncio que lhe dê respostas, ou simplesmente, está se encantando com a possibilidade de novas perguntas. Suas mensagens têm o costume de nos apontar que a impermanência é nossa grande companheira e o melhor a fazer é aprender a conviver com ela.
Prosa e poesia amalgamam-se pela já vasta obra deste escritor. Seus poemas são prosaicos, suas prosas são revestidas de pérolas poéticas.
Com sede de aprendizagem e descobertas, ele vai transitando, com olhar atento e curioso, entre cidades, países, encontros, despedidas, risos, lágrimas e um vasto repertório de canções que o acompanham em toda sua trajetória.
A trilha sonora de sua existência tem sido alinhavada por palavras, fotografias, sons, ritmos, melodias e silêncios e, enquanto ele dá continuidade a esse protagonismo, nós, coadjuvantes em suas histórias na vida cotidiana, nos emocionamos com seu modo singular de tocar o que de mais sensível temos, fazendo-nos lembrar, em meio à dureza do que algumas vezes nos reserva essa mesma vida, que “Sou como todos os outros.”
Renata Iacovino
Escritor, música, cantor e membro da Academia Jundiaiense de Letras.
O querido amigo Márcio, admirador e seguidor de Fernando Pessoa, poeta e contista, acadêmico e jornalista, editor e produtor literário, nos honra com a responsabilidade, mas nos confere também o prazer de apresentar mais esta obra literária, quase autobiográfica e que vem se juntar à alentada produção de sua autoria.
O que dizer desse trabalho que além da fácil prosa e rica rima alia uma primorosa ilustração com fotografias de sua autoria, outra manifestação de arte do Márcio viajante?
Precisamos ressaltar que o Márcio professor e editor, contista e poeta, filósofo e esotérico aparece inserido logo ao início da leitura, no próprio título da obra “Na Solidão das Palavras eu me Encontro”, conduzindo o leitor de maneira subliminar a uma instigante meditação.
De fato como ele próprio diz em certo momento “para a alma é preciso um banho de silêncio, meditação profunda e um mergulho dentro de si.”
Paradoxal é lembrar, porém que o Márcio ao longo da obra na prosa e poesia se diz hiperativo, pois “às vezes minha mente inquieta só precisa do silêncio da lida... mas os pequenos barulhos não me incomodam” e na verdade “gosto de acender fogueiras e acelerar a respiração” e nós seus amigos corroboramos essa afirmativa, ele adora agitar. No entanto, como também afirma ser um “sonhador que acredita em finais felizes, que quer sonhar, pois não é assim que é viver? Não é disso que a vida é feita?... de felicidade.
A narrativa em toda a obra é fascinante perpassando inúmeras vivências e situações do autor ao longo de uma trajetória de 50 anos; os momentos alegres durante as viagens, o sentimento doloroso das perdas; as angústias e incertezas; os sucessos alcançados; os momentos de introspecção; a doce hora da solidão são episódios ou fatos que transparecem no conteúdo poético, na verve do contista e no discorrer da pena do cronista transformando as palavras como se percebe com absoluto domínio e profundidade; afinal são nelas que ele diz se encontrar.
Percorrendo a obra em que poesias e crônicas sempre estão acompanhadas de belíssimas fotografias fica patente o amor do autor por Portugal, que o recebeu inúmeras vezes, pela Itália e assim como demonstra profunda admiração por Barcelona, cidade em que filosofa falando de amor e saudade “tenho a alma ensandecida morta de amores e saudades.”
Ao discorrer sobre a infância e juventude sente-se a saudade, mas também um preito de alegria, sentimentos impregnados da consciência do ter vivido muito bem, sendo essa também a vida de felicidade que tanto ele apregoa.
Outra faceta que transparece da leitura do livro é a paixão pela música. Especialmente o jazz e a MPB em que homenageia vários compositores e cantores brasileiros, dentre outros, Luiz Melodia e Vinicius de Moraes e como diz “escutar a música silenciosa que vem das nuvens, dos mares, que nasce em outro planeta”; além de fazer uma ode à vitrola “agora é o tempo de ouvir novas canções na velha vitrola”. E em “Alma Musical”, Márcio arremata com os versos “A poesia nasce da música que me preenche.”
Como o Márcio afirma “quando se sente o sal da vida, o açúcar que dá sabor, o doce e o amargo juntos sabendo que tudo isso é necessário já podemos dizer que entendemos o mundo”; um mundo em que o tempo não para, que continua a correr solto pelas praias, nos campos e florestas, nas zonas urbanas das cidades, no pensamento e ansiedade das viagens e fundamentalmente nas rimas de uma poesia ou na leitura de um livro.
Finalmente importante é ressaltar o caráter solidário e a gratidão que tem por todos os que convivem com ele. Não bastasse o “Poema do Amigo” enfatiza: “Para todos os meus amigos. Sem vocês eu nada sou. Que venham muitos novos e que estejamos sempre unidos e felizes para todo o sempre como num conto de fadas.”
Concluindo queremos dizer que nos sentimos imensamente agradecidos por fazer parte desse universo de amigos do Márcio e sumamente gratificados pelo convite para fazer esta apresentação, que embora simples e modesta, entretanto encerra nossa profunda admiração pela pessoa que é e fundamentalmente pela preciosidade do conteúdo da obra.
Ivane Padilha de Soeiro Rocha
e Aristides Almeida Rocha
Era tarde da noite quando recebi uma mensagem de Márcio pelo Facebook dizendo que estava escrevendo outro livro. Sei que em momentos assim, nos quais a inspiração simplesmente bloqueia o sono, é sempre bom deixar que as ideias fluam. Eu estava certa de que mais tarde chegaria a bonança para alguém como ele, “feito de verbos”. E ela viria sob a forma de fragmentos poéticos, exatamente como Márcio – persona criativa e inquieta.
“E insone, o poeta sonha acordado”.
Imediatamente ele me enviou um trechinho do primeiro texto que comporia o livro, e ali mesmo observei que a saudade prometia ser o tema central de sua obra. Essa bênção ambígua, que faz sofrer, mas derrama sobre nós o contentamento.
“...E essa saudade imensa torna-se ainda maior quando falo dela”
Em Fora de mim, perto do céu o autor faz o convite a uma viagem literária emoldurada por delicadas imagens em preto e branco, com detalhes do país tão bem conhecido por ele – Portugal. Lá as descobertas e impressões foram tão arrebatadoras, que certamente apenas um livro, seria pouco para dar vazão à afinidade nascida desta escolha. Grande o suficiente para não sucumbir à distância.
“A fé, sempre necessária, move o avião e me traz para cá...”
Há um encadeamento, portanto, de saudade e júbilo por aqueles que um dia foram muito amados, mas que já partiram. Da sensação de deslocamento da alma que tantas vezes dança ao som das canções que Márcio guarda consigo. E quando falamos disso, precisamos frisar: Márcio tem irretocável memória musical, e é através da música, tantas vezes, que ele alcança esse universo íntimo que o faz escrever por horas, atravessando noites.
Histórias de infância desenham a imagem de alguém como ele – “...à espera da chuva, da colheita e da fartura, como se esperar fosse algo simples.” Indícios de uma biografia que transborda nas entrelinhas de “Ao entardecer da vida”, e rompe de uma vez com o medo de expor a solidão e a melancolia dos seres sensitivos, que permanecem sonhando com dias venturosos.
Márcio conversa conosco imbuído de informalidade e transparência, e ambas andam juntas nesse despejar sobre o leitor... de poesias entremeadas por contos e crônicas do cotidiano, que chegam com as estrelas da noite. É a hora que o editor, com a agenda cheia de tarefas e compromissos, se liberta.
“Ah, quando a noite vem assim e traz a poesia... Eu posso ousar ser mais do que sou.”
Façamos então a peregrinação por estas páginas repletas de imagens, captadas por um olhar sensível que navega o presente e o passado de uma cidade que está historicamente impregnada em nós, e sejamos banhados pela poesia, que enfim, “...é o mote de todo os caminhos.”
Ana Cláudia Rêgo
Escritora. Publicou os livros Sargaço,
Ao céu de nossos sonhos, Memórias flutuantes e Fôlego.
Quantas vezes nos encontramos fora de nós a buscar um céu que nos acolha?
A poesia é tudo e nela reside a voz da beleza que se infiltra sutil em nosso cotidiano de linguagem contemporânea e sentimentos atemporais.
Parece que foi isso que nos indicou Márcio Martelli ao desenvolver sua delicada prosa poética em cenário de lembranças e desejos inconfessos; momentos de revelações contidos em personagens, inseridos em belas fotografias e narrados com desenvoltura na alternância de ficção com realidade.
O convite para tão rico e variado universo foi apelo desde a dedicatória, pois ali revelou a motivação do escritor e sua pretensão de soprar algo de novo nas faces sombrias do mundo que o rodeia: “(...) mudar esse mundo, coisa que eu ainda não consegui fazer...”
Para exibir sentimentos que não ousa explicar, Márcio Martelli se valeu de textos inspirados, mas também se curvou às imagens poderosas que colheu em suas andanças, algumas delas feitas no ângulo de baixo para cima, olhar de criança a se extasiar com o mundo que não entende. Pretendendo adentrar universos insondáveis, o conjunto da obra revelou a simplicidade do olhar poético, rico e diverso do escritor, transformado em portas e janelas que foram abertas para o mergulho no tempo.
Eis aí a beleza da obra que tivemos o deleite de aproveitar. Sentimentos do âmago do autor se valeram da realidade que contém a vida: ora imóvel e pétrea como o estatuário que no livro foi retratado; em outras vezes, musical e cheia do movimento ondulante da natureza, aludindo à beleza dos primevos dias.
Tudo se fez poesia na prosa de Márcio Martelli. Seu livro apresentou textos e fotografias do escritor que se entregou às dores de um viver cheio de doce nostalgia, mas que também ofereceu olhar sutil sobre a vida mundana tão sem novidades e sempre surpreendente.
Fora de Mim Perto do Céu ao se descortinar página a página, deixou o mundo interno e abstrato da pessoa que o escreveu para percorrer o paraíso concreto da vida real que ainda pulsa flamejante no olhar do escritor Márcio Martelli.
Uma prosa poética que foi decantada com encanto.
Josyanne Rita de Arruda Franco
Médica, psicanalista e escritora
Sábio é o que se contenta com o espectáculo do mundo.
Ricardo Reis
Com a ficção Toda Pessoa deve ir a Lisboa, Márcio Martelli apresenta recursos estilísticos até então ausentes do universo ficcional Martelliano. São tramas enviesadas pela assonância e dissonância, concomitantes, entre Ficção e História, e pelas reminiscências dos narradores-personagens que saltam das páginas ao encontro do amor pleno em todos os seus desdobramentos pelas ruas lisboetas dos séculos XX e XXI. A fim de que todos, como Pessoa, consigam se contentar com o espetáculo que o mundo possa oferecer, parafraseando as palavras introdutórias de Ricardo Reis.
Inúmeras referências estéticas são descortinadas, ao longo da narrativa, dispondo ao leitor o arcabouço histórico-literário que engendra as culturas portuguesa e brasileira. O autor acaba por ir à contramão da política educacional no Brasil, que está a propor a desobrigação do ensino da Literatura Portuguesa no currículo escolar, ao sublinhar a valorização da herança lusitana na formação e no autoconhecimento da identidade brasileira.
Com Fernando Pessoa, Alberto Caeiro, Álvaro de Campos, Bernardo Soares e Ricardo Reis, Márcio Martelli revisita o legado Pessoano, traçando intertextualidades com narradores, ícones da contemporaneidade portuguesa, como Saramago, em O Ano da Morte de Ricardo Reis (1984).
Ao partilhar com o leitor uma prosa entremeada de poesia, cuja linguagem ora se revela livre ora formal, aliada às imagens e narrações confessionais, o autor convida a nós, leitores, a participar, mesmo enquanto observadores, do singular e, talvez, único passeio pela geografia lusa na companhia de Fernando Pessoa. Pois, informa o narrador D’o Ano da Morte de Ricardo Reis:
Vai Ricardo Reis aos jornais, vai aonde sempre terá de ir quem das coisas do mundo passado quiser saber, [...] aqui onde deixou rasto do seu pé, pegadas, ramos partidos, folhas pisadas, letras, notícias, é o que do mundo resta, o outro resto é a parte de invenção necessária para que do dito mundo possa também ficar um rosto, um olhar, um sorriso, uma agonia, Causou dolorosa impressão nos círculos intelectuais a morte inesperada de Fernando Pessoa, morreu anteontem em silêncio [...] (SARAMAGO, 1988, p.35).
Raquel Cristina dos Santos Pereira
Doutora em Literaturas Portuguesa e Africanas de Língua Portuguesa
Diretora Teia Literária
Toda Pessoa deve ir a Lisboa / Márcio Martelli
“Sou eu mesmo em Pessoa. Somos um só.” (Márcio Martelli)
O livro convida os leitores a acompanharem uma viagem de Márcio Martelli a Portugal, na companhia de Fernando Pessoa, o grande Poeta português da modernidade.
O fio que conduz o roteiro de passeios dá livre curso a surpreendentes diálogos e revelações confessionais.
Ora no século XX, ora no século XXI, os dois revisitam bairros, cafés, restaurantes, livrarias, monumentos, a Capelinha das Aparições, a Casa de Fernando Pessoa e outros espaços históricos em Lisboa, Coimbra, Sintra, Fátima, Porto... Muito engraçadas as passagens em que Fernando Pessoa demonstra estranheza, ao entrar em contato com os avanços dos tempos modernos: selfie, carro equipado de GPS, máquinas de café, shoppings...
A obra reflete aliança perfeita da sensibilidade poética e da imaginação criadora, duas inteligências a conviverem harmoniosamente em solo português, compartilhando fatos, memórias, belos fados e versos.
Ivanira de Souza Lima Dadalt
Professora de Língua e Literatura
Cadeira nº 21 / Academia Feminina de Letras e Artes de Jundiaí
O relacionamento amoroso entre Márcio Martelli e Lisboa é um caso interessante. Começou superficial, como o de um homem que se interessa por uma mulher porque bonita. O que atraiu inicialmente o olhar do turista-fotógrafo Martelli foi a beleza plástica, a beleza fotografável de Lisboa. Não tanto a beleza espaçosa da Lisboa pombalina, mas acima de tudo a beleza espremida e labiríntica das ruelas, dos becos, dos pátios e das escadinhas no entorno do Castelo de São Jorge e na Alfama. Ao que tudo indica, foi essa atração epidérmica inicial que levou Martelli a adquirir, em algum alfarrabista, as gravuras de Lisboa feitas, cem anos atrás, por Roque Gameiro, e a procurar os mesmos lugares retratados naquelas gravuras e a fotografá-los como são hoje, vistos do mesmo ângulo e com o mesmo enquadramento. A justaposição dos desenhos centenários com as fotografias atuais resultou em livro que é uma guloseima.
Talvez tenha sido durante a elaboração desse livro, talvez tenha sido antes, quando apenas perambulava pela cidade, que o escritor Martelli se sobrepôs ao fotógrafo Martelli. E o que atraiu o escritor não foi apenas a beleza, foi também o charme de Lisboa. O charme embutido nos nomes pitorescos e muito lusitanos de alguns dos lugares fotografados por ele. Foi essa, ao que parece, a porta pela qual aquele escritor ítalo-jundiaiense entrou no espírito da cultura portuguesa. A mesma porta pela qual, em sentido oposto, entraram em seus textos muitas palavras e construções de frase com sabor lisboeta.
Durante esse processo de assimilação cultural, o relacionamento de Martelli com Lisboa progrediu da paixão epidérmica para um amor profundo. Em uma de suas viagens mais recentes a Lisboa, Martelli enveredou pelo passado. Para isso, valeu-se de um guia nativo muito qualificado: Fernando Pessoa. Aquele Fernando Pessoa que disse: O Tejo tem grandes navios, e navega ainda nele, para os que veem tudo o que lá não está, a memória das naus. Martelli viu muito do que lá não estava. Não chegou, ainda, à memória das naus, mas, no livro Toda Pessoa deve ir a Lisboa relata um passeio gostoso pela Lisboa de Pessoa e dos velhos cafés e restaurantes. À Lisboa de Amália Rodrigues e das casas de fado. E, acima de tudo, um passeio por dentro de sua própria alma de poeta, refletida nos diálogos imaginários com Fernando Pessoa.
Luiz Haroldo Gomes de Soutello
Escritor e membro da Academia Jundiaiense de Letras
Somente a arte ligada à sensibilidade, pode ser capaz de transformar o ar de secreta ausência e a mágica das heteronímias de Fernando Pessoa na“complexa simplicidade”, essência de uma obra literária para crianças.
A expressão acima pode parecer contraditória, mas escrever e agradar os pequenos leitores, não é nada fácil. O adulto escolhe o livro e se não gosta, o abandona em qualquer capítulo. A criança, acolhe o livro. Nela, a imaginação é viva. Transforma-se em personagem e em organiza uma crítica literária onde questiona, observa, dialoga, interfere e até oferece ás personagens, novos caminhos. Ela se apropria do livro. E, conforme as páginas vão se espremendo em suas mãozinhas mágicas, a história vai crescendo e ela consegue vivê-la intensamente.
Escrever para a criança exige um olhar transformador. Assim podemos analisar Pessoinha, de Márcio Martelli.
Quem o conhece, sabe desta mística que o envolve a Portugal. Uma certa paixão que em seu livro “Toda pessoa deve ir a Lisboa” , fica clara e consegue nos convencer a viver uma noite de fado na noite lisboeta, um passeio sobre a ponte do rio Doiro e uma nova visão da obra de Fernando Pessoa.
Neste novo livro, Márcio conseguiu associar à seriedade deste grande autor português a quem muito admira, uma linha expressiva de graça, espontaneidade e leveza onde traz a releitura de Alberto Caeiro num poema.
Maria Aparecida Palma
Educadora e Escritora
Breve comentário sobre o livro “Pessoinha”
No livro “Pessoinha“, o escritor Márcio Martelli resgata a matriz de poemas de Alberto Caeiro, um dos heterônimos de Fernando Pessoa, e cria uma versão nova e atual, muito sugestiva.
“Meu Menino Jesus“, de Márcio Martelli está inserido no contexto contemporâneo e é plenamente compatível com a sensibilidade e com o universo das crianças de hoje.
No poema, Jesus “decidiu que estava na hora/ de virar criança de novo para brincar”. A atualização histórica em “Meu menino Jesus” aparece explicitamente nos versos das estrofes abaixo.
Na 3ª estrofe: “Ele queria mesmo era correr nos parques / Brincar de bola com outros meninos / Jogar videogames e assistir a filmes no youtube”
Na 6ª estrofe: “Com os amigos novos brincou de pega-pega e esconde-esconde / Até de bicicleta Ele andou (...)”
Na 9ª estrofe: “Ligou a televisão – passava um noticiário – e, de repente, ficou triste”
Ivanira de Souza Lima Dadalt
Escritora e Educadora
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